A HORA DA CRUZ

A Hora da Cruz

padre-eustaquio-hora-da-cruz-topo

Apesar de ser admirado por sua erudição, piedade e integridade de vida, Monsenhor Zimarino, bispo de Gravina, não enxergava viabilidade nas obras iniciadas por Padre Eustáquio Montemurro. Movido por esse entendimento, fez diversos apelos à Congregação dos Religiosos, culminando no **Decreto de 21 de fevereiro de 1911**, que determinava a extinção dos institutos fundados por Montemurro. A decisão foi oficialmente aplicada na diocese em 23 de junho do mesmo ano.

Para Padre Eustáquio, homem reconhecido por sua determinação em questões de justiça, defesa dos mais pobres e firmeza de propósito, essa situação representava uma dura provação. Frente a acusações infundadas e decisões tão severas, ele não recorreu à contestação. Pelo contrário, aceitou o que entendia ser a vontade de Deus, espelhando-se na mansidão e humildade de Cristo ao enfrentar o Calvário. Sem resistência, acolheu a cruz da incompreensão e obedeceu, com total submissão, ao bispo e às autoridades eclesiásticas que o afastaram das obras que ele mesmo havia criado e conduzido.

Diante desse cenário de abandono e dor, o cânon Annibale Maria Di Francia, amigo leal e defensor de Montemurro, tornou-se um pilar de apoio. As circunstâncias levaram os dois institutos a confiarem nele, assim como no redentorista Padre Antonio Maria Losito, diretor espiritual de Montemurro. Em uma carta ao Padre Losito, Montemurro escreveu:

“Pai, não recuso o trabalho, mas se o Senhor quisesse de mim agora esta prova do amor que lhe trago, ou seja, que me desapegue das Obras nas quais Ele me colocou e que vá para outro lugar em busca de asilo, como Ele foi, a diversos lugares, quero agradar aquele Adorável Coração que tanto sofreu por mim nas agonias do Getsêmani e nos tormentos do Calvário [...]. De forma alguma quero desagradar o Santo Padre”.

Mesmo enfrentando tamanha adversidade, Montemurro continuou a inspirar apoio e admiração. Bispos, cardeais e outros prelados se uniram em sua defesa, reconhecendo-o como vítima de injustiças humanas. Com cartas destinadas aos dicastérios da Cúria Romana, ao Papa e ao Visitador Apostólico, eles exaltaram sua piedade, humildade e obediência, bem como a relevância de suas obras para a renovação da Igreja, especialmente na região sul da Itália.

Após deixar Gravina, Padre Eustáquio mudou-se para a Diocese de Nola, onde retomou suas atividades apostólicas, dedicando-se ao serviço no Vale de Pompeia. Sua missão, mesmo entre dificuldades, permaneceu como um testemunho de fé, entrega e fidelidade à Igreja.