Assim como Antíoco ordenou a retirada do altar de ouro e do castiçal do templo de Jerusalém, assim também o diabo age ao remover o altar, isto é, o fervor, e o castiçal, que representa a luz para compreender as verdades eternas. Embora não possa apagar a luz da fé, ele obscurece a reflexão, impedindo que o homem medite profundamente, como ensina São Mateus: “Et videntes non videant et audientes non audiant neque intelligant” (Mt 13,13). Se refletíssemos sobre a brevidade da vida, a certeza da morte, a vaidade do mundo e a única necessidade da salvação da alma, conscientes de estarmos diante de duas eternidades — uma feliz e outra infeliz —, todos buscaríamos a santidade. Contudo, frequentemente nos afastamos dessas reflexões. (1)

“Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem nostram” (Gn 1,26). Que palavras sublimes saíram da boca santíssima de Deus, cujas palavras são criadoras! Senhor, não as pronunciaste ao criar os Anjos, espíritos escolhidos que enchem os céus com suas harmonias e se organizam em legiões celestes. Proferiste-as ao moldar essa criatura preciosa — a alma humana — saída de Tuas mãos divinas. Quem pode mensurar seu valor? A alma é o sopro do próprio Deus, e o diabo se empenha em corrompê-la. O homem, por sua vez, deveria guardá-la com zelo, nunca trocando-a por prazeres passageiros. Ainda assim, poucos pensam em salvá-la. Para isso, o Nazareno do amor desceu do Céu, tomou a carne humana, pregou entre dificuldades e sofrimentos, suportou opróbrios e insultos, subiu ao Calvário e derramou Seu sangue até a última gota. (2)

Escutemos a palavra do Senhor: “Convertimini, convertimini ad Deum! …” Rasguemos nossos corações, confessemos nossos pecados e busquemos a mortificação como forma de amor ao Senhor. Prometamos servi-Lo com sinceridade e afeto, implorando por Sua misericórdia, pelo perdão e pela graça. Se nos faltar coragem, recorramos à Mãe do Amor, Maria Santíssima, pedindo Seu auxílio em nossa conversão. (3)

O pecado do escândalo é uma das maiores iniqüidades. Ele serve de terreno fértil para inúmeros outros pecados, arrastando muitas almas para o inferno. Aqueles que promovem doutrinas insanas e diabólicas tornam-se cúmplices de Satanás, disseminando o mal entre os homens. Mães, cuidem da educação de suas filhas! Não permitam o menor escândalo, nem palavras licenciosas na presença delas. Protejam-nas de ambientes onde possam ser expostas ao pecado, pois cada escândalo será cobrado perante a Justiça divina. (4)

O respeito humano é uma das culpas mais graves diante de Deus. Sentir vergonha de professar a fé, de entrar no templo sagrado, de frequentar os Sacramentos ou de assistir ao Santo Sacrifício da Missa é uma demonstração de uma fé superficial. Aqueles que agem assim são cristãos apenas de nome, desprovidos da essência viva da fé. (5)

Deus quer ser servido com alegria e um coração pleno de amor. Em cada ato de obediência, sejamos rápidos e felizes em cumprir o que nos é exigido. Recitemos louvores ao Senhor, expressando nossa satisfação em servi-Lo. Assim, acumularemos méritos e seremos recompensados com uma coroa gloriosa no Paraíso. (6)

O Senhor nos conduz à solidão para falar diretamente ao nosso coração, pois, no meio do ruído do mundo, Sua voz se perde. Na solidão, compreendemos o que somos, reconhecemos o quanto custamos a Deus e percebemos Suas graças abundantes, bem como nossas próprias incoerências. (7)

No alto do Gólgota, entre dois ladrões, o Filho de Deus é crucificado. Ao pé da cruz, Maria, a Mãe aflita, sente Seu coração transpassado por uma espada de dor. Em meio ao sofrimento, o Nazareno dirige-se a Maria e ao discípulo amado: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua mãe.” Nesse momento, Maria torna-se a Mãe de toda a humanidade. Este é o segundo anúncio. O Arcanjo Gabriel anunciou que ela seria a Mãe do Verbo, mas foi o próprio Filho, em Sua agonia, que a consagrou como Mãe de todos. (8)

A falta de educação catequética entre as massas, aliada à negligência de alguns no cumprimento do ministério sacerdotal, contribui significativamente para a disseminação de erros contra a fé. É imperativo que as crianças, os jovens e os adultos sejam instruídos na Doutrina Católica, para que possam caminhar firmemente na verdade e resistir às influências do erro. (9)